No Sítio Santa Helena, a receita: “tecnologia + animais de qualidade + dedicação à produção”, está trazendo bons resultados. A decisão pela sucessão nos negócios do Sítio, também têm se mostrado uma excelente escolha.
Apesar da sucessão familiar ser um processo fundamental para a continuidade das atividades produtivas no campo, nem sempre acontece de forma positiva e no caso da produção de leite, pode até se mostrar um grande desafio, já que exige planejamento, muito diálogo e confiança entre os envolvidos.
No Sítio Santa Helena, Vinicius Hernandes Barros, se tornou inventariante após o falecimento do pai, Jeferson Tadeu Salgado de Barros e contou com a ajuda do padrasto, João Depintor Jr, na administração da propriedade. “Na ocasião comecei a buscar conhecimento teórico e prático na pecuária leiteira e encontrei uma oportunidade de um novo negócio”, explica João Depintor.
De acordo como empresário e agora produtor rural, apesar de gostar e acompanhar o pai na atividade do Sítio, Vinícius era muito novo, por isso, não participava, efetivamente, do dia a dia da produção. “ E eu apesar e ter nascido em Mococa, cidade conhecida nacionalmente pela vaquinha Mococa e seus produtos, só conhecia vaca pela televisão”, explica. Dessa forma, a falta de conhecimento e intimidade com a pecuária leiteira, se transformaram em dedicação constante para a construção do novo negócio.
Quando assumiram o sítio, em março de 2022, a produção era de 1.900 litros/dia, com média de 18 litros por vaca. “Alteramos o manejo dos animais, ajustamos a alimentação, visitamos alguns produtores, buscamos conhecimento, investimos em infraestrutura para conforto dos animais, em tecnologia, em genética e, com isso, chegamos a uma produção de 3.200 litros com uma média de 32 litros por vaca”, explica.
Apesar de todas as dificuldades, a produção de leite no Brasil é uma atividade importante para a economia e a geração de emprego no campo. Em 2022, o país produziu 38,3 bilhões de litros de leite, o que o coloca como o terceiro maior produtor mundial, segundo o MAPA do Leite.
No Sítio Santa Helena o principal desafio é a escassez de mão-de-obra. O produtor explica que antigamente nos sítios, os filhos iam seguindo a atividade dos pais, hoje em dia, os jovens preferem trabalhar nas cidades. Foi por conta dessa falta de mão-de-obra que o empresário deixou o mercado de engenharia e transformou um “hobby” em um negócio. “Hoje dedico 100% do meu tempo à pecuária leiteira, e, espero que, diretamente, ou indiretamente, a Karin, Vinícius e a Laís, deem continuidade, porque é do campo que saem os alimentos para toda a população”, concluiu.
Planejamento e Tecnologia
Trabalhando com os animais, rapidamente, a família percebeu que era necessário muito planejamento e tecnologia para obter um negócio promissor. João Depintor explica que o rebanho era predominante de gado Girolando em um sistema semiconfinado. “Depois de muito estudo, entendemos que para aumentar nossa eficiência, teríamos que investir em melhoramento genético, tecnologia e infraestrutura. “Estamos transformando nosso rebanho Girolando em Holandês e optamos pelo sistema de Compost Barn. Hoje estamos com 100 animais em lactação, finalizando a construção do nosso segundo Compost Barn, passando a ter espaço para 140 animais, um aumento de 40% e nosso projeto é uma futura ampliação deste segundo Compost e da sala de ordenha, pois temos como meta uma produção diária de 8.000 litros”, salienta.
Como parte do planejamento e adequações, em 2022, a família plantou milho para silagem, em uma área arrendada, começando com 16,5 hectares. “Em 2023 a área foi aumentada para 20 hectares, garantindo 40% do total de silagem de milho utilizada no sítio”. Mudanças também no sistema de gestão que antes era feito por meio de planilhas e cadernos e passou a ser feito por meio de um sistema web. “Isso nos permite ter acesso de forma rápida e precisa, a todos os dados, desde contas a pagar e a receber, até o controle de cria, reprodução, produção e qualidade do leite”, explica.
Segundo João Depintor, 2023 foi um ano muito difícil para a pecuária leiteira, o aumento das importações iniciadas no segundo semestre de 2022, aumentou substancialmente em 2023, gerando um excesso de leite no mercado, derrubando o valor pago ao produtor. Diante desse cenário, a família continuará fazendo a lição de casa: investindo, reduzindo custos de produção e melhorando a eficiência. “Esperamos que, as medidas tomadas pelo governo realmente, dificulte essa entrada desleal de leite no mercado para o que produtor seja reconhecido pelo seu esforço e dedicação recebendo um valor justo por todo esse trabalho em levar alimento a mesa dos brasileiros”, conclui.
A história do Sítio Santa Helena se mistura a muitas histórias de famílias, que escolhem continuar investindo no campo, apesar de todas as dificuldades. Encontram na tecnologia uma aliada para a projeção do negócio e assim, dar continuidade a um legado iniciado por outras gerações.
“Agradeço a todos pela confiança, saber que a história se renova a cada dia e que levo os sonhos do passado para o futuro é muito gratificante. O trabalho e dedicação de todos do Sitio Santa Helena tem sido fundamental para atingir os resultados que estamos alcançando, em especial ao João e Marcos Antônio Lima (Marquinhos), que juntos formaram uma parceria que renderá bons frutos. Sinto-me honrado por fazer parte disso e, de saber que o agro se renova a cada dia. O desafio é grande, mas com foco, fé, dedicação e com as bênçãos de Deus, chegaremos em nossos objetivos”, conclui Vinícius.