O FIM DA VACINAÇÃO CONTRA A FEBRE AFTOSA EM SÃO PAULO

Por João Bosco Andrade Pereira

Segundo notícia dada durante a reunião conjunta das Comissões Técnicas de Pecuária de Leite e a de Corte da FAESP realizada em 21 de junho, provavelmente no mês de novembro de 2023 os pecuaristas do Estado de São Paulo deverão realizar pela última vez a vacinação do rebanho contra a febre aftosa. A suspensão da vacinação está prevista no Programa Nacional de Vigilância da Febre Aftosa, elaborado pelas autoridades sanitárias do país e que prevê o fim da obrigatoriedade da vacinação contra a doença em todo o território nacional até o ano de 2026. Atualmente apenas os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, Acre, Rondônia e partes dos estados de Mato Grosso e Amazonas são reconhecidos como livres da febre aftosa sem vacinação pela OMSA – Organização Mundial de Saúde Animal. Outras seis unidades da Federação (Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais, Espírito Santo, Goiás, Tocantins e Distrito Federal), já são reconhecidos como livres da doença sem vacinação pelo Ministério da Agricultura, sendo o próximo passo o reconhecimento pela OMSA. Alguns produtores estão relutantes e receosos em relação à suspensão da vacinação, pois a consideram como um seguro para a saúde do rebanho e temem o retorno da doença e, tantos prejuízos causados por ela no passado. Tal receio é injustificável pois devemos analisar as vantagens da suspensão da vacinação como a economia na compra do insumo, menos manejo do rebanho, maior conforto animal e menos reação vacinal. Na pecuária de corte os edemas provocados pela reação à vacina têm causado prejuízo considerável na quantidade e qualidade das carcaças. Além disso, o reconhecimento do país como livre da febre aftosa sem vacinação poderá abrir novos mercados como Japão, Coréia e Estados Unidos que pagam melhor pela carne. Também há que se considerar que, se os demais estados obtiverem o status, São Paulo ficará isolado e o trânsito de animais de nosso estado para os demais ficará proibido. Outra consequência favorável é que, caso ocorra no futuro algum caso da doença, a ação da defesa sanitária deverá ser rápida e havendo necessidade de abate sanitário o produtor deverá ser indenizado pelas perdas, o que não ocorre no momento; também o retorno à normalidade após as ações sanitárias deverá ser mais rápido e ocorrerá em poucos meses. Para composição desse fundo, está sendo reativado o FUNDEPEC – Fundo de Desenvolvimento da Pecuária do Estado de São Paulo – que será provisionado com recursos arrecadados dos produtores que deverão destinar parte do que gastariam com a aquisição das vacinas, pagos por ocasião da declaração anual de rebanho, que continuará obrigatória. Essa foi a solução encontrada por estados que suspenderam a vacinação e constituíram fundo suficiente para bancar eventuais necessidades. Após o atingimento de volume de recursos que assegurem a finalidade, o recolhimento poderá ser suspenso no nosso estado. Desta maneira os produtores estarão mais seguros, com menores custos e todos poderão ser mais bem remunerados pelo produto, não havendo razão para posicionamentos contrários à suspensão da obrigatoriedade da vacinação.

João Bosco Andrade Pereira é produtor rural e Diretor do Conselho Fiscal do Sindicato Rural de Pindamonhangaba

foto: divulgação/agrodefesa

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