Desde meados de 2014 o Brasil mergulhou em um processo recessivo que fez a nossa economia encolher 8,1% e perder aproximadamente 3 milhões de postos de trabalho formal nos diversos setores produtivos. A magnitude dessa queda poderia ter sido ainda maior caso não fosse os resultados econômicos apurados pela agropecuária, afirmam Carlos Eduardo Fredo, Celso Vegro e Celma Baptistella, pesquisadores do Instituto de Economia Agrícola (IEA), órgão de pesquisa da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo, baseados em dados do Cadastro Geral de Empregados e Desempregados (Caged) do Ministério do Trabalho e Emprego (MTE).
O movimento descendente da economia começou a se inverter em 2017, quando o PIB apresentou crescimento de 1,1%, e continua acenando com a possibilidade de manutenção do ritmo de expansão ao longo de 2018. Os bons ventos, no entanto, não surtiram o efeito desejado sobre o mercado de trabalho com a retomada das contrações formais. Por um lado, o percentual de desempregados na população economicamente ativa mantém-se ao redor dos 13,1%, e, por outro, as vagas recém-criadas são de qualidade e remuneração inferiores (mercado de trabalho informal e temporários), comparativamente àquelas que se fecharam.
Entre janeiro e março de 2018, foram registradas 43,7 mil admissões no setor agropecuário paulista, montante 36,8% superior que o último trimestre de 2017. O primeiro trimestre corresponde ao período da entressafra das atividades agrícolas, cujas operações predominantes são a preparação do solo, plantio, manutenção de equipamentos motorizados e outras atividades. Ainda que algumas dessas operações já tenham incorporado a utilização de máquinas, ainda demandam mão-de-obra, porém, em quantidade muito inferior ao período de safra que absorve maior número de trabalhadores para as operações de colheita.
As atividades agropecuárias que dinamizaram as contratações foram o cultivo de cana-de-açúcar, de laranja, atividades de apoio à agricultura, criação de bovinos e de aves. Juntas totalizaram 29.150 admissões e 45.184 desligamentos. Gênero e educação formal interferem na remuneração, contratações e desligamentos do setor agropecuário da mesma forma que nos dados totais. “A proporção de mulheres admitidas é inferior àquelas desligadas em relação aos homens nesses três meses iniciais de 2018. O mesmo fato ocorre com os indivíduos que possuem o menor grau de instrução”, observam os pesquisadores.
Com o início da colheita da cana-de-açúcar e das atividades perenes, como laranja e café, no próximo trimestre, a expectativa é de que o setor intensifique o número de admissões, gerando saldos positivos nos estoques de empregos formais. Mesmo porque, o volume de negócios realizados no último Agrishow justifica o otimismo quanto à aceleração no ritmo das contratações formais em razão do aumento do investimento produtivo no segmento, concluem os autores.
Fonte : Nara Guimarães – http://www.agricultura.sp.gov.br/.